PENTECOSTES – ANO C, LUCAS
Cor Litúrgica: Vermelha
Leituras: At 2,1-11; Sl
103; 1Cor 12,3b-7.12-13; Jo 20,19-23
POESIA
Ele é o mesmo em todo tempo
Presente desde o
início,
Está o
santificador,
Nas águas da
criação,
Presença viva de
amor,
Que conduziu os
profetas,
Nas suas lutas e
alertas,
Junto ao povo
sofredor.
Presente está em
Maria,
Na sua anunciação,
Quando de um
menino,
Que traria
salvação,
Presente também
José,
Que fez o caminho a
pé,
Nos tempos de
perseguição.
Presente também em
Jesus,
No batismo e no
deserto,
Na caminhada do
povo,
Dizendo o caminho
certo.
Nos encontros de
alegria,
Na vida de cada
dia,
Um Deus sempre
muito perto.
Presente na
ressurreição,
Como sopro de
alegria,
Vencendo o medo e o
desânimo,
Que nos discípulos
estaria.
Fazendo um caminho
novo,
Junto a multidão do
povo,
Igreja que já
nascia.
Presente em
Pentecostes,
Ao mundo
manifestado,
Para as diversas
culturas,
Para o mundo
anunciado,
Dom de amor
incomparável,
Imenso e
insondável,
Deus de amor
ilimitado.
Presente em nós cristãos,
Com força e santa
alegria,
Com inumeráveis
dons,
Que o caminho nos
guia,
Que nos tira da
tristeza,
Que nos dá a
fortaleza,
Na vida de cada
dia.
HOMILIA
Manifestação pública do Espírito Santo
Celebramos neste
domingo a descida do Espírito sobre a Igreja nascente, agora não somente sobre
os apóstolos, mas também sobre as nações e culturas as quais compreendem a
mensagem do amor e da fé em sua própria língua. O que era antes uma experiência
do grupo dos apóstolos, agora se expande pelo mundo com o sopro e o fogo do
Espírito Santo. O que estava preso a um grupo de homens e mulheres que
conviveram com Jesus na terra agora é manifestado para aqueles que abraçaram a
fé por milagres, pelas pregações e pelo testemunho corajoso dos discípulos do
Senhor. Pentecostes é o ápice do Tempo Pascal por que inicia o tempo da Igreja,
tempo este que já na ascensão estava se iniciando, pois o mesmo Senhor que sobe
aos céus está presente no meio de nós, na total doação de seu Corpo e Sangue,
pela sua Palavra e pelos os dons oferecidos aos que se tornam também o Corpo de
Cristo no mundo.
O Evangelho de João
nos faz memória da ressurreição quando os discípulos ainda estão profundamente
marcados pelo medo, fechados em si e no espaço físico (cf. Jo 20,19). A alegria
renasce quando o Senhor traz a paz para o grupo, que ao mesmo tempo é enviado
para a missão, com o objetivo de anunciar ao mundo o Reino de Deus. A partir
desta experiência, de encontro com Cristo ressuscitado, todos os que ali
estavam reunidos ganham força e coragem para caminharem pregando a experiência
da ressurreição.
Na primeira leitura (At 2,1-11)
temos a narração de Pentecostes, quando todos os discípulos estavam reunidos e então
há a manifestação do Espírito Santo, um fenômeno diferente o qual os discípulos
ainda não tinham presenciado. “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras
línguas, conforme
o Espírito os inspirava” (2,4). Aquilo que o Senhor anunciou nas suas aparições
antes e depois da ressurreição agora se concretiza, pois a manifestação do
Espírito Santo agora é para que os seus discípulos anunciem ao mundo a Boa
Notícia do Reino nas diversas culturas, línguas, realidades e recantos do
mundo. Por isso que o Espírito Santo não tem limites, sopra onde quer (cf. Jo
3,8), vai aonde quer como quer e oferece sua luz e força a quem ele quiser,
desde que os convocados na sua liberdade queiram receber a sua presença. Também
podemos dizer que é exatamente a sua ilimitada manifestação com suas diversas
formas atemporais que age além das nossas expectativas humanas e barreiras
geográficas. Foi esta verdade anunciada e constatada na Igreja em toda a Tradição
cristã, que conseguiu chegar a nós em pleno século XXI. Foi a experiência de
abertura para a missão dos primeiros cristãos que carregados da fé corajosa,
conscientes e às vezes também com marcas humanas de fraquezas, fez a messe do
Senhor crescer e dar frutos se espalhando pelos imensos espaços do mundo até
nossos dias.
Há outra dimensão da ação do
Espírito Santo que merece a nossa reflexão, apresentada na 2ª leitura da
liturgia deste domingo: “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há
diferentes atividades, mas um mesmo Deus que
realiza todas as coisas em todos.” (1Cor 12,4-6). São Paulo nos fala da manifestação do Espírito Santo em cada um
de nós. São os dons oferecidos aos que se deixam conduzir pela ação de Deus e
do seu Espírito. Os Cristãos como membros de um mesmo corpo recebem dons para
colocarem a serviço do bem comum. É isto que faz a beleza e a ilimitada ação na
Igreja e no mundo, pois somos membros que agem com diferentes serviços para que
a vida de Deus esteja presente em todos os homens. Quantos dons temos a
oferecer a Deus desde o simples acolher na porta do templo, do cantar, preparar
o altar, pregar para o povo, coordenar o grupo, animar as comunidades e grupos,
visitar as famílias... E para fora dos espaços da Igreja, quantas capacidades
podem ser oferecidas para levar Deus e sua Palavra no cuidado quando estamos a
evangelizar... Também a arte de compor uma música, de cantar, de fazer um
poema, dar aulas e palestras, escrever uma matéria, defender a vida nos espaços
políticos e sociais, escolas e meios culturais... Tudo isso são dons do mesmo
Espírito o qual estava no início da criação, que falou pelos profetas, que
anunciou a Maria a encarnação do verbo, que esteve presente no batismo de Jesus
e o conduziu ao deserto e a sua missão, animou os apóstolos após a
ressurreição, que desceu em pentecostes e que impulsionou a Igreja na
propagação do Evangelho no decorrer dos séculos até os nossos tempos. E em
quantas realidades primordiais podemos certificar a presença do Espírito Santo,
tais como nos sacramentos, no chamado vocacional, na missão, nos nossos trabalhos
pastorais etc.
Agradeçamos a Deus pelos tantos
dons do Espírito Santo oferecidos à Igreja para o serviço do Reino. E quanto a
nós devemos sempre nos manter na convicção de que tudo aquilo que vivemos e
fazemos para o bem maior, é pela força do Espírito Santo, que é Deus, a alma da
Igreja, Senhor que dá a vida, que renova a face da terra e que nos santifica na
vida de seguidores e seguidoras do Senhor Ressuscitado.