O ÔNIBUS FAZ PARTE DO COTIDIANO DE MILHÕES DE BRASILEIROS, ELE É
PALCO DE MUITAS REALIDADES HUMANAS. AO LER O SEGUINTE POEMA VOCÊ
PODERÁ SENTIR-SE PARTE DESTAS REFLEXÕES. BOA LEITURA.
O ÔNIBUS É NOSSO PALCO
Arena
de nossos tantos cotidianos,
Palco
extenso de tantas cenas vivas,
Por
onde nossa existência é ativa,
Lugar
dos humanos, na diversidade,
Corredor
intenso de nossas realidades,
Trazendo
surpresas e expectativas.
Nossos destinos estão
neste palco,
Nele somos atores de
nossas histórias,
Também expectadores de
nossas vitórias.
De pé ou sentados vamos
encenando,
Escondendo nossas posturas
ou nos revelando,
Esperando o final feliz e
também de glória.
Palco
vivo de nossos tantos comportamentos,
Para
todas as tribos está sempre aberto,
Não
temos errantes e nem mesmo os certos,
Mas
habita nesta arena também os preconceitos,
Neste
palco, conflitos, defesas e os nossos direitos,
De
nossos sentimentos às vezes encobertos.
E neste teatro da vida espontânea,
Deixamos fluir nossos atos
indefesos.
Às vezes indelicados e
também surpresos,
Às vezes respeitosos,
carinhosos e com atenção,
Porque mergulhamos com
toda a alma na atuação,
E nos jogamos
intensivamente nos nossos desejos.
Quantos
traumas são dramatizados vivamente,
Junto
às crianças, idosos, jovens em violência,
Histórias
tristes de nossas existências,
Que
não sabemos como interferir,
Quando
as agressões vêm a nos atingir,
E
queremos ser atores da benevolência.
Este palco também nos leva
às ruas da cidade,
Para olharmos os estão sem
um aconchego,
E para encontrá-los nós
vamos quase em segredo,
Porque eles se confundem
com a real violência,
Que invade as nossas vidas
e frágeis consciências,
Porque para visitá-los
temos que expulsar o medo.
Nesta
viagem da vida nos encontramos,
Somos
vistos e assim também nos vemos,
E
desta forma nós nos defendemos,
Vamos
aparecendo e nos identificando,
Outro
lado de nós vai se revelando,
Porque
desta maneira não nos escondemos.
A nossa vida é esta
interminável viagem,
Na verdade, ao mesmo lugar
nunca iremos.
Aplaudindo, vaiando ou
dormindo, partiremos,
Porque no ônibus, palco da
vida, nós existimos,
Com drama, romance ou
comédia aqui nos definimos
Porém sem sabermos
no futuro o que seremos.
E
nesta viagem as cenas de nossas histórias,
Nos
tristes dramas dos outros nos encontramos,
Por
isso não tem como segurar e por isso choramos,
Porque
mexe no mais profundo de nossa alma,
E
então somente o banhar das lágrimas vem e acalma
Essa
angústia que nós tão fortemente externamos.
E na hora que chegamos aos nossos destinos,
Deste palco descemos de
novo transformados,
Porque da berlinda fomos
agora retirados,
E então seguimos o caminho
com um novo olhar,
Mas a vida segue sem nunca
parar,
Porque depois um novo
teatro será recriado.
P o e s i a
Francisco Eraldo - Unip
,02 de maio de 2016.
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